Dois séculos mais tarde! Senti como se em minha mão estivesse um jovem resgatado da prisão, após um injusto cárcere. Pior do que isso, um jovem que havia sido levado à prisão na mais tenra idade! Acho que foi esse pensamento que me fez acariciar e beijar o livro em minha estante até o momento de poder realmente lê-lo. Senti que precisava consolá-lo e não via a hora de principiar a leitura.
Finalemente terminei a leitura que estava fazendo e peguei meu amado presente. O Conde de Chanteleine: Uma história de amor de um nobre à sua família e à Igreja durante a Revolução Francesa.
A história trata principalmente do conde, membro ativo do grupo dos Vendeanos. A guilhotina já trabalha sem parar, privando os nobres da vida, e Paris é antro de profanações e desordem. Nesse meio, o conde guia mulheres e crianças para algum refúgio, onde possam estar a salvo dos Azuis.
O livro principia com uma ameaça ao Conde de Chanteleine. Um antigo criado de Chanteleine, expulso do castelo por traição, luta pela liberdade, igualdade e fraternidade, mas tem um objetivo secreto: se vingar do tratamento recebido do Conde, tempos atrás. Karval - esse é seu nome - envia um aviso ao Conde dizendo que sua família está em risco. O Conde se aflige imensamente ao compreender que Karval está planejando uma crueldade contra sua esposa e sua filha, e juntamente com seu fiel criado, Kernan, partem rumo ao castelo.
Porém chegam tarde demais. O castelo foi incendiado, não há viva alma nas redondezas. O que foi feito da condessa e de sua filha? Onde estão? Mortas ou aprisionadas? Em meio ao pranto, o conde deve encontrar fortaleza para agir segundo os desígnios de Deus. A ameaça de Karval e a incerteza sobre a vida de seus entes mais queridos lhe atormentam a alma, mas o Conde precisa manter a cabeça erguida ou ela se encontrará logo sob a guilhotina. Felizmente ele conta com a força e confiança de Kernan e valentes, eles vão a Paris, com um disfarce. Mas é mais fácil disfarçar as roupas do que o coração angustiado. Quem não desconfiará de um homem que chora em meio a tantos republicanos que festejam aos gritos? Essa história tem de tudo para interessar, comover e cativar os leitores.
Este é um livro católico, descrito com profundidade e sentimento, união que somente Júlio Verne consegue fazer. Eu gostei muito do livro, se tornou o meu preferido do autor, e recomendo a leitura a jovens de minha idade, de dezesseis anos em diante. Eu li com calma, pois tive o que meditar com esse livro, chorei, suei frio (a capa do livro ficou molhada), mas amei. De verdade. É um livro incrível até a última palavra.
A edição traz uma extensa explicação do que foi a Revolução Francesa (confesso que tentei ler, mas não passei da metade), além de trazer um mapa da França, com os pontos principais do livro e ilustrações de diferentes artistas que tornam a obra ainda mais bela. Agora só resta dizer: comprem, leiam e emprestem aos amigos!
Título: O Conde de Chanteleine
Autor: Júlio Verne
Editora: Centro Dom Bosco
Recomendado a jovens de dezesseis anos em diante.
Texto integral.